Nossa vida e nossa missão se inspiram na Sagrada Família de Nazaré. Nela Deus se aproxima da humanidade, se faz comunidade de amor e assume radicalmente a condição humana, com suas buscas, necessidades e tensões. Nela o próprio Deus se faz peregrino e aprendiz; se faz dom total e incondicional para a emancipação do ser humano; nos convida a tecer relações de acolhida, familiaridade e fraternidade; nos convoca-nos a sair do nosso estreito círculo de interesses para levar todos os homens e mulheres a formarem a única família do Pai. Eis o Espírito que anima o que somos, o que fazemos e o que sonhamos.
Maria é a discipula do mistério de Deus que se encarna e se revela para revolver a vida aos pobres. Na encarnação, Maria escuta, dialoga e acolhe. Na visitação a Isabel, discerne em si mesma a ação libertadora de Deus em favor dos pobres e celebra essa Boa Notícia. No nascimento de Jesus, medita e guarda tudo em seu coração. Na apresentação de Jesus ao templo, Maria escuta com atenção e apreensão as palavras de Ana e de Simeão. Na festa em Jerusalém, procura ansiosamente a Jesus e se pergunta pelo sentido de suas palavras. Na crucifixão, está silenciosa e solidariamente discernindo o querer de Deus. No Cenáculo, com os demais discípulos, Maria procura entender os caminhos do Espírito e se abrir à sua ação.
José, segundo os poucos dados evangélicos que se referem a ele, é também uma luminosa expressão de discernimento e peregrinação na busca da vontade de Deus e na defesa da vida de Jesus. Durante o noivado, José procura discernir a vontade de Deus mesmo em meio à surpresa e à dúvida. Na peregrinação para o Egito e na volta a Israel procura, cuidadosamente, realizar a vontade de Deus.
Jesus de Nazaré é o modelo do peregrino de Deus e, por isso mesmo, nosso caminho mais seguro e verdadeiro a Ele. Seu alimento é fazer a vontade do Pai e realizar a sua obra plenamente. No seu batismo, discerne essa vontade como cumprimento de toda a justiça na solidariedade efetiva com os pecadores frente ao Templo. Nas tentações, reconhece a vontade do Pai como fidelidade à Aliança. No Getsêmani, se encontro com um Deus que o quer fiel até o fim. Na cruz, entre a confiança e o desespero, reconhece o Deus da vida mediante o corredor escuro da morte.
Por isso, a Sagrada Família de Nazaré é o nosso modelo de vida.